Neste artigo, podes ler a entrevista feita à Amanda Santos, Python Developer na Integer desde 2021. Podes saber um pouco mais sobre o seu percurso, motivações e mudança para Portugal.
? Olá Amanda, fala-nos um pouco de ti… Como foi a tua infância?
Eu nasci na cidade Belo Horizonte, em Minas Gerais. Entrei na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) aos 17 anos para a graduação de Antropologia, mas ao longo do curso eu entendi que era um curso para quem tinha dinheiro para financiar as atividades e não era o meu caso. Pela deceção do curso e vontade de sair de casa, em 2014 morei em São Paulo – Capital para trabalhar com edição de imagem e lá conheci muitas pessoas da área de TI e um pouco sobre as suas profissões.
? Como decidiste estudar nesta área das TI?
Em 2015, eu voltei para Belo Horizonte e estava decidida a voltar para faculdade. Nunca havia pensado em estudar Engenharia ou mesmo algo relacionado com TI, mesmo sempre tendo gostado de computadores. Para mim, era uma área predominantemente masculina e ninguém nunca me havia feito pensar que eu também poderia trabalhar nas TI.
Tive algumas experiências em faculdades e cursos, mas sempre havia alguma coisa que não me deixava continuar: uma hora era a faculdade ou outra o próprio curso… Basicamente estava à procura de um lugar que me pudesse dar oportunidades para estudar fora do Brasil e um curso que me possibilitasse um bom emprego e liberdade. Em meados de 2017, comecei o curso de Engenharia de Software na PUC MINAS.
? O que mais gostaste na faculdade?
No Brasil o que mais gostei foram as oportunidades extracurriculares, pude participar de projetos de extensão com tecnologia assistiva, projetos para clientes externos e ajuda social. Participei em equipa, no Hackathon da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e trouxemos os prémio para a faculdade. No IPG (Instituto Politécnico da Guarda) ainda não tive tempo para participar neste tipo de atividade, mas gosto bastante da mistura de pessoas de várias nacionalidades estudando na mesma sala (Erasmus) pois os debates ficam mais enriquecedores.
?E porquê Python?
Sobre a linguagem Python, eu não lembro como cheguei até ela. Entretanto, sei o que me fez continuar a querer aprender e trabalhar – comecei a participar em muitos eventos e encontros de tecnologia em Belo Horizonte e num desses eventos, era com a comunidade Python, gostei bastante do pessoal que falava tão bem da linguagem e dos projetos apresentados. Então pela simpatia pelo Python e pela comunidade, comecei a utilizar a linguagem nos projetos da faculdade e isso deu-me um pouco de experiência para passar na prova técnica do estágio da empresa que, meses depois, me colocou a efetiva e que foi meu trabalho até ao ano passado.
? Como surgiu a oportunidade de vires para Portugal?
Em 2018, eu já estava trabalhando na área das TI mas em 2019 deram-me a oportunidade de intercâmbio para Portugal. Em fevereiro de 2020 cheguei em Portugal mas devido à pandemia o meu intercâmbio foi praticamente remoto e eu gastava o meu tempo trabalhando para o Brasil e assistindo às aulas do IPG via zoom. Com o sentimento de que eu ainda não tinha aproveitado a experiência e também pela sensação de que havia conseguido finalmente morar noutro país, fui procurar quais eram minhas possibilidades de continuar em Portugal. Então em julho de 2020, participei no concurso de transferência do IPG e consegui a vaga para Engenharia Informática, porém com os desafios da pandemia e todo processo burocrático, só este ano, é que pude continuar a estudar.
? O que te surpreendeu mais até agora em Portugal?
Vivo em Portugal há 2 anos e o que mais me surpreendeu é a liberdade e a segurança. Eu sei que há pessoas com más intenções em todo o mundo, mas eu sinto-me muito mais segura em andar pela rua, estudar e trabalhar. Um dos motivos que me fez sair do Brasil foi o assédio diário a que era obrigada a passar. Em 2 anos, aqui em Portugal, nunca me senti nessa situação de constrangimento. Outro ponto que fico surpreendida é a acessibilidade à universidade e a possibilidade de obter maiores graus de instrução (Ex. Mestrado e Doutorado).
? Conta-nos um pouco do projeto onde estás atualmente.
Estou no projeto do CMP na empresa NOS. Lá desenvolvemos novas features e soluções cloud para clientes internos e externos. Trabalho predominantemente com Python, Django e Docker e todos os dias aprendo novos conceitos sobre redes. Para além do CMP, trabalhamos também em projetos com outras equipas, quando eles precisam de desenvolvimento. A nossa dinâmica de trabalho é baseada no Scrum, que é uma metodologia ágil e por tanto temos processos a cumprir. A nossa equipa é formada por três developers, um Scrum Master e o Product Owner.
? Quais os teus hobbies ou o que mais gostas de fazer nos tempos livres?
Gosto de caminhar, assistir vídeos/filmes, viajar quando há tempo e ler livros de história/sociologia. Atualmente estou lendo o livro “O Estado do Racismo em Portugal. Racismo antinegro e anticiganismo no direito e nas políticas públicas”.
? Quais os teus sonhos ou projetos para o futuro?
Tenho sonhos comuns como ter uma casa própria e estabilidade financeira, mas também quero viajar pelo mundo e participar de projetos sociais que envolvam tecnologia.