Numa das últimas Talkin Tech by Integer Consulting, o Bruno Barroso, Senior Software Engineer na Integer, partilhou connosco um pouco sobre a sua experiência e trajetória na criação de produtos. Neste artigo, vais poder ficar a saber um pouco mais sobre esta Talkin e conhecer o Bruno, um pouco melhor.
Olá, Bruno! Fala-nos um pouco sobre ti e de onde vem a tua veia empreendedora.
Sou o Bruno Barroso, Senior Software Engineer, brasileiro, natural de Fortaleza e apaixonado por novas experiências, culinária e novas culturas. Com pais artesãos e empreendedores, acho que sempre tive o incentivo, dentro de casa, para os negócios, para a criatividade e a criação de produtos reais. No tempo livre, estou sempre a pensar em como posso criar algo que virá a ajudar pessoas, ou seja, um produto que seja uma solução para um problema real. Foi com este espírito, que desenvolvi o meu lado empreendedor e a cada nova experiência consigo obter melhores resultados e atingir mais pessoas.
Achas que qualquer pessoa consegue criar um negócio?
Em 28 anos, tive muitas e variadas ideias! Ideias com amigos, ideias com familiares, ideias com conhecidos, com colegas de trabalho… mas o que conta é a execução, ou seja, pôr a mão na massa e tirar o teu projeto do papel, do campo de ser só uma ideia. Provavelmente deves estar a pensar “eu também tenho várias ideias, mas no final nada acontece…” por isso, partilho contigo a minha visão:
Se começares já hoje a procurar soluções dentro dos problemas ambientes em que vives, como por exemplo, uma melhoria de processo na tua empresa, uma melhoria numa folha de Excel, etc. vais perceber que o fundamental para empreender é saber usar a criatividade e a inovação para resolver um problema do dia a dia. Por exemplo, foi assim que surgiu a tecnologia de chatbot, automatizando o atendimento de pessoas por meio de um chat com uma máquina, removendo algo repetitivo e deixando o atendimento personalizado para o humano.
Outro exemplo é o processo de compras no supermercado: já paraste para pensar que todo o mundo coloca vários itens no carrinho, tira do carrinho, passa no caixa, faz o pagamento e depois volta a colocar no carrinho? Foi assim que surgiu a Amazon Go. Um serviço que permite fazer compras de uma forma simples, sem burocracia e sem filas: tu entras, pegas nos produtos que quiseres e graças à app, é só sair do local, que o aplicativo faz a cobrança do que foi retirado da prateleira. Curioso? Fica aqui o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=NrmMk1Myrxc
Posto isto, se qualquer um pode criar um negócio? Claro que sim. Talvez já tenha sido criado tudo (ou não), mas tudo pode ser melhorado. Onde existem processos, há uma oportunidade de negócio.
Quais as características que um empreendedor(a) precisa?
Não sou um guru de produtos, mas como programador de software há 12 anos e criador de “coisas” há 28 anos – isso mesmo, desde pequeno que não paro de pensar em como mudar o mundo e torná-lo melhor para todos – o que percebi é que a melhor escola para o empreendedorismo é o erro. Pois não existe uma fórmula mágica para o sucesso, mas a forma mais rápida e barata é aprender com o erro dos outros. Então, não te enganes, a ideia em que estás a pensar agora, já foi pensada por milhares de pessoas e muitas até tentaram dar-lhe vida, mas o teu projeto só será diferente, se avançares para o segundo passo: a execução.
Há vários locais dedicados ao ecossistema empreendedor em Portugal e no mundo, que te podem ajudar. Ficam aqui alguns exemplos: Agência Nacional de Inovação, Made of Lisboa, Rede Nacional de Incubadoras, Web Summit, comunidade CTO Portugal e 351 Community, incubadora Build Up Labs, aceleradora Startup Lisboa e YCombinator Startup School.
Diria que é isso, ser resiliente, ter disponibilidade para aprender com os erros e apoiar-se no networking das comunidades de empreendedores.
Para quem quer tirar a ideia do papel, que dicas podes partilhar?
Elaborei algumas etapas que considero importantes para se alcançar um outro nível de empreendedorismo:
1. Problema – Observa os problemas do dia a dia, seja no trabalho, em casa ou na rua.
2. Ideia – Agora que identificaste o problema, tenta perceber se esse problema é comum a outras pessoas e se pagariam para ter esse problema resolvido. A ideia é a chave que te irá ajudar a identificar qual a possível solução.
3. Plano – Com uma ideia em mãos, é necessário estruturar o negócio, fazer uma pesquisa de mercado, perceber quantas pessoas fora do teu ciclo também já lidaram com este problema. Neste momento, deves criar um Business Model Canvas, e com este modelo terás respostas para algumas das perguntas sobre a tua ideia de negócio.
4. Execução – Após teres um plano de negócio, chegou o grande momento: trabalhar para lançar o produto. Por vezes, ter algo feito, é melhor que ter algo perfeito (ou não lançado). Então foca-te em criar uma versão mínima do teu produto ou serviço e tenta validá-lo com pessoas e clientes reais. Isto irá ajudar a perceber qual o melhor caminho e até quanto poderás cobrar pelo produto. O nome dado para esta versão “mínima” do produto é MVP (Minimum Viable Product) e existem várias estratégias para se conseguir criar um MVP.
A importância do MVP e como criá-lo
A imagem abaixo, ilustra bem o que é um MVP. Criar um produto mínimo viável não é ter versões incompletas de um produto, o MVP tem que conseguir resolver o problema desde o primeiro dia.
Dicas para criar um MVP:
1. Benchmarking: Faz benchmarking para encontrares atalhos. Aprender com os erros dos outros é sempre mais barato e economiza muito tempo de desenvolvimento.
2. Hipótese: Foca-te na proposta de valor central e na criação da hipótese. É ela quem ditará, de facto, o nível de procura da tua solução.
3. Mercado: Aplica o teu MVP a um contexto realista. Usa os teus amigos e família como representações de mercado mas tem em conta que pode enviesar drasticamente os dados e motivar decisões equivocadas.
4. Métricas: É sempre interessante criar métricas para o teu negócio. Elas fornecerão os dados necessários para poderes replicar acertos e evitar erros.
5. Resultados: Antes de testar qualquer MVP, deves saber o que é um resultado bom ou mau, e como medi-lo. Caso não seja possível, repensa a forma de validares a tração junto do mercado.
A minha experiência
Foi pondo tudo isto em prática, tirando a ideia do papel e fazendo muito networking, que eu e o Thiago Dieb, o meu sócio da Fretx, conseguimos criar a Fretx. Uma plataforma que ajuda as pessoas nos problemas de transporte de mudanças residenciais, sendo que, já atingimos mais de 6 mil clientes, mais de 1000 transportadoras na nossa rede e enviamos quase 20 mil propostas de negócio num ano. Resultados positivos, reflexo de muita dedicação, trabalhar com um propósito, analisando cada passo, errando rápido e corrigindo rápido também.
Se através da minha experiência e do meu testemunho, conseguir influenciar pelo menos uma pessoa, a missão foi cumprida.